Minha experiência como mãe

Eu sempre tive o sonho de ser mãe, mas estudar e trabalhar sempre foram minhas prioridades. Como professora, demorei a entender as necessidades dos meus alunos, e apenas em 2012 eu me aventurei a tentar entender o que era o mundo dos alunos com necessidades especiais. E foi em neste mesmo ano que comecei a pesquisar sobre autismo e como o aprendizado se dava neste grupo de alunos.  O fato de eu ter começado a pesquisar sobre autismo em 2012 mudou a minha vida.

Em 2014 tive meus filhos gêmeos – motivo suficiente para enlouquecer qualquer um. Por mais ajuda que eu tivesse, nada era apaziguava a nossa rotina. Os bebês demandavam demais.

Eu comecei a levantar algumas questões, mas a resposta era sempre a mesma. “Bebês não dormem a noite, bebês são assim mesmo. Gêmeos então, tudo em dobro.”

Os bebês começaram a crescer, começaram a adoecer frequentemente, começaram a não comer, depois a comer demais. Tudo era muito intenso. Nossos dias eram bem longos. Foi aí com um ano de idade que a pediatra sugeriu que nossos filhos eram autistas. Minha família achou tudo muito louco, não aceitou. Não sabia o que a médica estava sugerindo. Mas eu, como eu já tinha me familiarizado com alunos autistas e tinha começado a pesquisar em 2012 sobre o tema, sabia bem o que a médica estava tentando dizer. E naquele momento, por mais difícil que fosse, era um alívio. Algo estava errado. Não era fruto da minha imaginação. Bebês demandavam sim, mas bebês também dormiam em algum momento, os meus NÃO. Meus filhos não choravam como os outros, não faziam manha, não se comunicavam. Apenas riam e brincavam. Eram os bebês mais lindos do mundo.

Quando eles completaram 1 e meio ano a pediatra sugeriu que algo estava errado. Disse que eles não interagiam e é claro que a mãe – EUZINHA – disse que ela estava errada. Mas depois de assimilar tudo fazia sentido.  Aceitar foi o primeiro passo acertado, apesar de toda a família ir na contramão, não questionei. Apenas parei e refleti. Encaixei a peças do meu quebra-cabeça e em 2015 começamos uma investigação multidisciplinar ao mesmo tempo em que comecei a fazer tudo que eu fazia na escola com meus alunos autistas com os meus filhos. Eu estimulava os sentidos, a fala, a comunicação e outros aspectos, mesmo antes de qualquer laudo ou conclusão. Eu não queria perder nenhuma janela de aprendizado. Nossa vida de fato começou.

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